Soneto 11
(Luiz de Camões)
Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer
É um não querer mais que
bem querer
É solitário andar por entre a gente
É um não contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder
É um estar-se preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor
É ter com quem nos mata lealdade
Mas como causar pode ser o seu favor
Nos mortais corações conformidade
Sendo a sí tão contrário o mesmo
Amor?
Nenhum comentário:
Postar um comentário