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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Amor não é posse!

O nosso «amor pelo próximo» não será o desejo imperioso de uma nova propriedade? - Friedrich Nietzsche

Como podemos analisar aquilo que é melhor para a outra pessoa, sem tentarmos nos colocar em seu lugar para fazer essa analise? Muitas vezes temos atitudes egoístas, ate logicamente baseadas, porem pensando apenas naquilo que seria melhor para nosso bem estar e ignorando os sonhos e desejos que o outro tem.

Somos egoístas, pois cada um cuida da sua vida, tem os seus problemas, seus interesses, e esquece-se de se preocupar com o outro, valorizamos demais aquilo que é nosso e que nos trás bem estar ou prazer. Esquecemos que quando nos relacionamos é para fazer a outra pessoa feliz, pois a nossa felicidade e bem estar, será um reflexo da felicidade que proporcionaremos àquela pessoa, mesmo que isso muitas vezes determine mudanças em nossos valores ou aceitarmos condições que achamos estarem erradas. Se estiverem estaremos lá para dar o devido apoio, mas não somos donos da verdade e muitas vezes erramos, só não devemos ser teimosos em não perceber, valorizar, incentivar ou ajudar a aqueles que estão próximos.

Talvez porque não saibamos amar; talvez porque confundamos o amor com posse; talvez porque desconfiamos sempre; talvez porque confundamos amor com dependência; talvez porque tenhamos medo.

No instinto de sobrevivência, no fenómeno do medo, encontramos o alicerce da questão: o ser humano, de modo inato, quer possuir, até o próprio amor; até o próprio objeto do amor. Isso é bem complicado de se perceber, principalmente por quem se encontra envolvido na relação. No fundo, o querer possuir, o ser nosso é uma limitação da felicidade, porque gera ciúme, desconfiança, conflitos e discussões .

O sentimento de posse e apego é vital para a sobrevivência. Mas, ao longo da vida, reforçamos tanto esse apego que nos esquecemos de aprender a compartilhar, a dividir afetos, tempos, coisas, espaços.

É verdade que cada um de nós é um ser único, especial, sem outra réplica no mundo, com capacidade de amar e ser amado da forma mais intensa possível, com potencial para todo sucesso desejado. Um ser digno de toda beleza e riqueza que a vida pode oferecer.
Mas também é verdade que todos os seres humanos têm esses mesmos direitos.
Uma regra básica de convivência é reconhecer que, se nos sentimos as pessoas mais importantes do mundo, os outros seres humanos têm a mesma sensação em relação a eles próprios. E, portanto, para haver harmonia num relacionamento, é necessário que se saiba compartilhar.

O egoísmo não se define apenas por aquilo que uma pessoa quer para si, mas, sobretudo por ela não dar o mesmo direito aos outros.
Mais radicalmente, o egoísmo é querer transformar os outros em propriedade nossa. Quando você tem a sensação de que o outro lhe está sendo tirado é porque, na verdade, você apenas o tratava como uma coisa que possuía.
O parceiro não estava realmente integrado ao seu ser. Quando amamos uma pessoa, queremos que ela seja livre. Essa liberdade do outro nos dá segurança. Ele é livre e, portanto, está comigo porque quer, porque realmente me ama. Nada o obriga. E nossa preocupação passa a ser mais dar do que exigir.

Pretendem conseguir, com essa manipulação, que o outro lhes dê sempre mais e peça cada vez menos. São pessoas que reclamam mais presença, mais atenção, mais cuidados, não por sentimento de amor, mas com o intuito de não perder o controle e não dividir nada com ninguém.

É difícil perceber nosso egoísmo. Não é comum admiti-lo, porque nem sempre temos consciência de que é tão ruim essa ânsia de sermos felizes a qualquer custo (para o outro, é claro!). Essa felicidade, porém, é uma ilusão. Pois o outro acaba sendo apenas mais um “objeto” que será manipulado ate sabe se lá quando.