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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Liberdade e afeto

O mundo atual produz pessoas bem-formadas, que cuidam da saúde, das roupas e das finanças, são viajadas e antenadas, porém com certa dificuldade em se relacionar. Mas nem pensar que elas ficam sozinhas! Ao contrário, em nossa cultura do espetáculo e do entretenimento, não faltam lugares para se exibir e encontrar outras pessoas disponíveis, e carentes, pois sofrem do mesmo mal, não conseguindo se ligar afetivamente a ninguém.
Considerando o fato de sermos uma sociedade globalizada, informatizada e contemporânea, que se apresenta pautada na velocidade, satisfação imediata, rapidez, agilidade, novidades científicas e tecnológicas a todo vapor, nos deparamos por outro lado com uma incapacidade humana de gerenciar , pensar e estabelecer diretrizes para proteção e respeito  da própria raça. Característica esta natural do ser humano, pensante, afetivo e emocional que precisa de tempo para processar informações, novidades e se adaptar
Os novos conceitos éticos, a moral e os costumes que vão ganhando forma e conquistando espaço trazem preocupações. Há certas áreas em que o homem parece regredir. A qualidade da vida emocional das pessoas está piorando a cada dia. Nos relacionamentos interpessoais falta carinho e sobra agressividade, falta compromisso e sobeja infidelidade. O caráter das pessoas está enfraquecido.
Hoje se tem pressa, muitos estímulos são oferecidos e é preciso trabalhar demais para ter acesso às tantas possibilidades do mundo. Mas a pressa é inimiga do amor, que exige paciência, sabedoria e aplicação. Além disso, exige também certa modéstia em aceitar as próprias limitações e as alheias. Mas, como? Afinal, não nos sentimos fantásticos e arrogantes com tudo que estamos conseguindo nesta era globalizada, inclusive amores em cada capital, bairro ou boate, ao vivo ou via internet?
A suposta liberdade de hoje pode se converter em pesadelo: a vertigem do vazio, o sexo saciado e a alma depenada. Esta liberdade até vale para os jovens talvez por isso, com certa razão, as pessoas estejam se casando mais tarde e para aqueles que acabam de sair de uma relação prolongada e precisam de um intervalo para se distrair e brincar o que é válido, desde que seja feito com ética. Mas quem está à procura de algo consistente não pode confundir quantidade com qualidade, pois há uma contradição entre a idealização do agito da vida atual e a expectativa de um amor. O amor é sempre singular, uma história única, que surge em recantos imprevistos. Não se encontra facilmente em qualquer agito explícito da modernidade.